É confusa a saudade do que não foi. Mas é concreto o sentimento de vazio. Vazio concreto mas regado do egoísmo de sofrer pela felicidade de outro. Sinto que, num só bem-querer, felicidade, admiração e orgulho pela conquista se misturaram à preocupação e ao medo do incerto. Mas a fôrma do sentimento se chama saudade. Do que não foi.
Quando o tempo é recrutado para a guerra contra capacidade de manutenção dos sentimentos das pessoas, as armas são as lembranças. E cada uma delas dispara com mira e velocidade precisas, seja rumo ao esquecimento ou rumo ao suscitar cada vez mais a dor.
Queria apenas que a felicidade de um crescesse proporcionalmente à felicidade do outro –e não ao vazio desse. E que o tempo pudesse ser amigo das lembranças e não as espalhasse como folha seca que faz barulho a cada pisada, mesmo que leve, exigindo que se lembre da sua existência.
Saudade é quando a gente esquece que não devia lembrar. Ou lembra que não conseguiu esquecer.
10.Dezembro.2010
Um comentário:
Tô lendo e relendo a última frase...
Saudade... Saudade do que nem aconteceu... É, tu me entendes.
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